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História da família

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os von Randows brasileiros
e suas origens
 
Escrito por Olof von Randow, Hamburgo, Alemanha.
 
A família von Randow é constituída por duas linhas, que antes da Segunda Guerra Mundial, viviam nas provincias de Mecklenburg e Pomerânia (1ª linha), e de Silésia (2ª linha) na Almanha. Os von Randows não eram naturais dali, pois viveram, desde sua primeira aparição no ano de 1236, durante séculos quase que exclusivamente das regiões entre os rios Elba e Havel ao leste e ao nordeste de Magdeburg. Poucos vieram do oeste do Elba, os quais se deslocaram do leste. Somente no início do século XVII surge a 2ª linha em Silésia, onde eles prosperaram, enquanto isso os que ficaram na sua terra de origem diminuiam cada vez mais. No final do século XVIII vende então a 1ª linha o patrimônio familiar na terra de Magdeburg e vai para Pomerânia, e de lá para Mecklenburg. O ramo dos von Randows brasileiros pertencem à linha silesiana.
 
A origem das duas linhas von Randow jaz no escuro da história, assim como a procedência do nome patronímico. O que até aqui foi publicado, segundo a minha pesquisa nos últimos dez anos, não se pode afirmar que esteja completo. Assim que, a tese defendida a cerca 100 anos que o antepassado dos atuais von Randows, de nome Conrad von Randow, tenha sido prefeito em Magdeburg. Havia um Conrad von Randow mas ele era um cavaleiro e não um prefeito, e sua relação de parentesco com os von Randows de hoje, não é comprovada. Também a afirmacão que os fundadores das duas linhas tenham sido "irmãos" Heidenreich e Jobst, que viveram na metade do século XVI, não é verdadeira. Os dois não eram nem irmãos e nem fundadores. A origem do tronco principal das ambas as linhas encontra-se muito mais cedo, provávelmente já no século XIV.
 
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Como em todas as famílias nobres alemães o nome von Randow deriva dum local, no caso da nossa família é muito provável que derive do lugar Randau, que é apenas poucos quilômetros ao sul de Magdeburg. Por muitos séculos não só escreviam os nossos antepassados o seu nome, predominantemente, Randau ou Randaw, como também residiram até o século XVII exclusivamente nos arredores deste povoado e em Magdeburg.
 
Embora encontra-se na Alemanha duas lugares de nome Randow, não há nenhuma informação de que a nossa família tenha tido alguma coisa a ver com estes povoados. O povoado Randau, no qual castelo Randau foi destruído por volta dos séculos XIII e XIV e nunca mais foi reconstruído, está situado hoje num lado do braço seco do Elba, o qual antes de 1012 foi o braço principal do rio. O nome de povoado significa talvez à margem duma várzea, ou seja, do Elba.
 
Não há um documento que comprove a posse de Randau a nossa família. Não há também nenhum documento do povoado e do castelo, a não ser o de 28 de maio de 1236, que ao mesmo tempo menciona o mais velho membro da família: Thegenardus de Randowe. Este Degenhard von Randow (em Alemão) assinou como testemunha juntamente com outros um documento em que o bispo Gernand de Magdeburg reconheceu um contrato entre o convento "Nossa Senhora" de Magdeburg e o conde Iwan von Dornburg. Naquele tempo tanto a propriedade do convento, como também de Iwan von Dornburg estendiam-se quase até a Randau.
 
De acordo com algumas fontes o castelo foi construido provávelmente no século XI ou no século XII, talvez através da cidade de Magdeburg num lado do antigo vau do Elba. Aproximadamente em 1160, teria sido fundado o povoado. Outras fontes são da opinião que os von Randows teriam construído o castelo. Em todo o caso, eles não o possuíram e nem o habitaram por muito tempo. Provávelmente já em 1297, o mais tardar em 1304 ele foi destruído pelos cidadãos de Magdeburg sob o comando do capitão da cidade, Thiele Weske. Numa antiga lenda que ainda foi contada no século passado, dizia que se podia ver sobre as ruínas do castelo, por volta da meia-noite e em certos dias do ano, um vulto de uma mulher branca: "Esse deve ser o espírito do avó von Randow". Os restos do castelo destruído podiam ser vistos ainda em 1655. Quando eu, no verão de 1990, visitei Randau, havia neste lugar uma plantação de cereais.
 
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O primeiro von Randow mencionado num documento, foi o já dito Degenhard (Thegenardus). Provávelmente ele foi um vassalo do bispos de Magdeburg, na região Randau que antigamente pertencia. Lamentávelmente nada mais sabemos sobre ele, também não quanto ao parentesco com os von Randows de hoje. Assim também dos muitos outros mencionados membros da família von Randow no século XIII e XIV, não se encontra nenhuma relação de parentesco comprovável até aos dias de hoje. É muito esporádico o conhecimento que temos sobre eles, pois o número de documentos é pequeno.
 
Somente a partir do século XV pode-se, e assim mesmo com muitas incertezas, ter uma contínua e completa séria de parentes até aos nossos dias. Na maioria das vezes obtem-se esses dados através das, assim chamadas, cartas feudais, que eram documentos de posse lavradas por soberanos ou príncipes de igreja aos seus vassalos. Nestes documentos são mencionados, na maioria das vezes, pais e filhos, assim que, elas passavam de geração a a geração.
 
Para a linha silesiana von Randow o primeiro antepassado comprovado foi Peter von Randow, que foi mencionado do documentos de 1446 até 1478 de que tinha a propriedade num povoado de nome Zollchow. Essa propriedade foi herdada pelos seus descendentes até ao ano de 1614. Depois ela foi vendida porque o último proprietário não tinha filhos.
 
O filho de Peter chamava-se Albrecht. Ele casou com Anna von Kröss e teve com ela, entre outros filhos, o filho Jobst, o qual antigamente era tido como o ancestral da linha silesiana. Jobst que casara com Ursula von Lindenau, morreu de peste juntamente com sua mulher e seis crianças em 1551. Somente dois irmãos sobreviveram. Só um deles, Caspar, casado com Elisabeth von Barby, deu continuidade à família. Sua quinta criança, Hans Caspar, foi o primeiro silesiano "de verdade". Ele foi muitos anos um pagem da princesa Anna Sophia de Anhalt, a qual casou em 1614 com o Duque Georg Rudolph de Liegnitz em Silésia, e é provável que ele tenha se mudado com a princesa para Silésia, onde mais tarde possuiu a propriedade rural Neudorf.
 
Sobre o matrimónio do Hans Caspar, não há clareza. Ele foi casado com uma Marianne ou com Maria von Schmolz, ou com as duas depois da outra. Seus filhos eram o Hans Caspar e o Hans Ernst von Randow. O primeiro foi, em 1660, em cidade de Brieg executado, por que ele matou um outro nobre num duelo. De Hans Ernst, casado com Maria Elisabeth von Uechtritz, descende Georg Friedrich (o mais velho), o qual foi o primeiro Randow a pertencer a propriedade rural silesiana Bogschütz, que de 1714 até ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, pertenceu aos von Randows em Silésia.
 
Ele era oficial prussiano e casou em 1707 com Maria Katharina von Ribbeck, cujo filho, Ludwig Ernst (1709-1772), casou em 1749 com Cunigunde von Wilmersdorff de Dahlem, perto de Berlim, que trouxe um carvalho da sua terra natal e plantou em Bogschütz. Este Carvalho esteve de pé até 1989, quando foi derrubado por um temporal.
 
Sob os filhos dos dois, Leopold H e i n r i c h (1756-1809), que casou em 1782 com Henriette von Koschembahr, viveram os von Randows silesianos, o seu mais alto apogeu. Os filhos e netos de Heinrich e Henriette possuíam muitas propriedades em Silésia, entre elas também Pangau, de onde descendem os von Randows brasileiros.
 
O próximo von Randow, da genealogia brasileira, chama-se novemente Georg Friedrich (1786-1841). Ele casou em 1806 com Wilhelmine von Poser e Gross Naedlitz, tendo com ela doze crianças. Do filho mais velho - Heinrich Sylvius Friedrich A d o l f - descendem todos os von Randows brasileiros, do quinto filho (sexta criança) - Georg Friedrich E u - g e n - o autor desta história de família.
 
 
 
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O grande galho da família dos von Randos brasileiros nasceu no meio do século XIX. Este galho, que no início do século XX perdeu o contato com os von Randows alemães, o qual não foi reconstituído até o nao 1971, são no entretanto, mais numerosos dos que ficaram na Alemanha. Na Alemanha há, dado de 1993, aproximadamente 130 nascidos, femininos e masculinos, von Randows, que cerca da metade descende de uma das duas linhas, e no Brasil são conhecidos acima de 250 nascidos von Randows. A quantidade real poderia ser, com certeza, mais do que o dobro, por que há muitas décadas a ligacão no Brasil estava distanciada, e com isso não há possibilidade de encontrar os outros descendentes.
 
O ancestral dos brasileiros, Henrique Sýlvio Fréderico A d o l f o (como ele se chama em português), emigrou em 1853 para o Brasil. Ele possuía a propriedade Pangau no município de Oels, não longe de Breslau, que hoje pertence - como toda a Silésia - à Polónia. É provável que tenha vendido Pangau por motivos financeiros em 1844 a um funcionário público de nome Scholz. O que causou a resolução de Adolf a emigrar para o Brasil, e desconhecida, e também por que ele escolheu o Brasil e não - como a maioria naquela época - os Estados Unidos. Talvez a resolução de emigrar foi incentivada através de muitos relatórios entuisásticos que apareciam nos jornais alemães sobre as colônias alemãs construídas no Brasil, em especial sobre a colônia Dona Francisca no estado de Santa Catarina.
Pintura de Hamburg em 1855
 
No jornal dos Imigrantes desta colônia, no ano de 1853, constam os nomes aceitos "von Randow I" e "von Randow II" e no lado o registo de que "chegaram na colônia no dia 1-2-1853". Tem que se tratar do Adolf e seu filho mais velho Arthur. Em junho de 1853 seguem então os filhos Lothar e Alexander (15 e 13 anos de idade) e um ano mais tarde Adolf buscou o resto da família - sua mulher Bianka, duas filhas (Anna e Antoinette) e os filhos mais novos Maximilian (11) e Adolf (7). Sobre todos há registos no Arquivo Histórico em Joinville e também em Hamburgo.

Listagem do Navio Andromache no arquivo histórico de imigrantes de Joinville. Link na imagem.

Listagem do Navio Linda no arquivo histórico de imigrantes de Joinville. Link na imagem.

Listagem do Navio Wittus no arquivo histórico de imigrantes de Joinville. Link na imagem.

 

Dona Francisca parece que não deve ter correspondido a expectativa de Adolf e de sua família. Em todo o caso, a esposa de Adolf junto com suas filhas e filhos Lothar e o pequeno Adolf, no mais tardar em 1855, voltaram para Silésia. Isto obtive das cópias das duas cartas que me foram dadas no Brasil, as quais Bianka von Randow escrevera em 1866 e 1875 ao sua filho Maximiliano, que ficou no Brasil. Também Adolf e os tres filhos que ficaram no Brasil, Arthur, Alexandre e Maximiliano, deixaram a colônia Dona Francisca e foram para o Rio de Janeiro. O pai trabalhou lá, de acordo com as informações que ele deu aos seus parentes na Alemanha, como "engenheiro". No Instituto Hans Staden, em São Paulo, encontrei uma observação que ele fora incumbido de fazer um levantamento topográfico duma colônia de emigrantes.

 
O filho Arthur casou no Rio de Janeiro e teve uma filha - Adelia - sobre a qual nada se sabe. O próprio morreu em fevereiro de 1859. Seu pai faleceu também em outubro do mesmo ano.
 
O mais velho von Randow brasileiro que ficou, Alexandre, casou com Rosa Vieira e teve uma filha, Guilhermina, e os filhos: Adolpho, Lothar, Manuel(?) e Arthur. Ele também não envelheceu. Morreu Alexandre com 39 anos em 1875 em Hamburgo (Alemanha), num hotel no porto, logo depois de ter chegado do Brasil. Ele queria ir para uma estação de convalecença em Silésia, mas ele mesmo não tinha muita esperança que voltaria a ver o Brasil, como mentionara na sua última carta.

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Galera de 3 mastros, veleiro típico da época de 1850 Fonte: Ficker (1965, p. 96)
 
Depois da sua morte precipitada, casou de novo Rosa Viera von Randow deixando os filhos entregues a terceiros. Tiveram infância muito infeliz e cresceram sem nenhum contato com os parentes alemães. Parece também que tiveram pouco contato com o seu tio Maximiliano. A propósito, mais tarde emigra também um filho do pastor Strauss, que era casado na Alamanha com a Antoinette von Randow, irmã de Alexandre e de Maximiliano. Ele se chamava Victor e formou-se em odontologia no Rio.
 
O mais moço dos irmãos brasileiros, Maximiliano, tinha somente 16 anos quando o seu pai morreu. Primeiro ele foi, por quatro anos, auxiliar numa farmácia, depois enfermeiro na Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro. Quando arrebentou a guerra do Paraguai, ele se alistou como voluntário da pátria e acompanhou toda a campanha. Por mérito foi promovido a alferes. Depois da guerra requeriu demissão e casou com Francisca Maria de Assis. Eles tiveram nove filhas e cinco filhos. Destes viveram até a morte do Maximiliano em 1913, duas filhas e quatro filhos.
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